sábado, 4 de outubro de 2008

As várias faces de uma mesma vida

-Você já ouviu falar da garota do copo de água? Ela se parece tão distante às vezes.
-De repente, é porque ela está pensando em alguém.
-Mas em quem uma pessoa dessas poderia pensar?
-Em um garoto com quem cruzou em algum lugar, e sentiu que eram parecidos.
-Parecidos como?
-Foi no primeiro olhar, no seu toque macio e no beijo quente. Muitas vezes ela o descreve como algo abstrato, para parecer que ele não passe de mais um conto na cabeça dela, mas se observar bem você percebe que é de verdade.
-Como alguém consegue ser assim tão meticuloso?
-Simples, ela apenas não quer se entregar a essa tentação. Assumir o sentimento para o mundo é negar a sua soberba, é baixar as armas e dizer que se rende.
-E isso é tão ruim assim?
-Depende do ponto de vista. Ela acredita que para ser reconhecida como mulher e artista precisa de algo a mais, algo que a maioria das damas não faria: recusar um amor de verdade.
-Mas ela pode estar certa. Como saber se o sentimento da outra pessoa é realmente verdadeiro, a ponto de fazê-lo desistir de tudo?
-A situação é muito mais complexa do que isso. Não se trata de desistir e sim de arriscar, coisa que ela nunca fez a vida inteira.
-Isso é um insulto! Ela, como uma profissional, já abdicou muito mais do que nós todos juntos.
-É fácil abdicar do que não possuímos, o difícil é arriscar por aquilo que receamos perder.
-E ela já perdeu um amor?
-Na verdade ela nunca deu uma chance para ele entrar.
-Mas, ele pode não ter lutado o suficiente!
-Creio eu que ele lutou bravamente, sacrificou de seus próprios ideais e mostrou sua bravura. No entanto nada parece transcender a essa barreira de figurinos e personagens.
-E como você sabe de tudo isso?
-Porque um dia eu já me cruzei com alguém assim...

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