quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

O Ilixir da Vida

Naquela manhã chorara todas as lagrimas antes mesmo de ter aberto seus olhos. Desejara apenas um dia para deixar de acreditar, apenas 24 horas para se jogar no poço do desespero.
Não queria ser forte naquele instante, precisava chorar e sofrer. Caíra sobre seus joelhos na tentativa de aceitar a imagem que se materializava diante de seus olhos: era só uma alma destruída. Abandonaria seus pedaços no decorrer daquele dia. Era peso demais, esforço demais carrega – lá daquela maneira .
Desistira de acreditar. Já não era mais a mesma. Cabelo solto, tatuagem, blusa apertada e maquiagem. Nunca fora assim. Em vez das cores e do brilho, o preto estampava o pesar de sua solidão.
Afinal o que marca o nosso tempo aqui? Será que apenas uma vida pode realmente ter impacto no mundo? As escolhas que fazemos importam?
Às vezes para mover-se adiante, você precisa voltar...
Era simplesmente uma garota com uma imaginação gritante e um mundo desconhecido ao seu redor. Via muito além do comum, isso a fazia diferente.
Entretanto, não conseguia se enxergar. Era invisível aos seus olhos e se conformara que os outros não a viam da também.
Buscava por um modo de ser aceita. Na verdade, precisava se encaixar na grandeza de um mundo que ela não acreditava pertencer, embora sorrisse sempre para o desafio e corresse de mãos dadas com a vitória. Os ventos sempre sopraram a seu favor, afim de contraria a sua descrença .
Foi então, que em um verão qualquer, a arrogância pediu carona e a garota ingênua se deixou levar pelas histórias grandiosas de sua nova amiga. Mal sabia que estava trilhando um rumo perigoso.
Enquanto a foi útil, a arrogância fez do mundo da garota, antes real e estável, um castelo de areia. A ilusão era uma visita constante e os bons ventos, esquecidos, acabaram por irem embora. Castelos de areia ao vento acabam por se arruinar na brisa do tempo.
A garota perdeu tudo que jamais tivera.
Você já se perguntou o que marca o nosso tempo aqui? Se uma vida pode realmente ter um impacto no mundo? Ou se as escolhas que fazemos importam?
Agora eu acredito que sim. E acredito que um homem pode mudar muitas vidas...
para o melhor, ou para o pior.
E em meio a todo desespero do abandono, caiu tão fundo que só a escuridão lhe fizera companhia. Com o sangue visível em suas mãos cansadas, de inutilmente tentar escapar, tocou algo que se transformou em dois caminhos.
Duas escolhas, para apenas um destino.
Escolhera o que a levaria de volta ao mundo que conhecera ainda criança. Prometera a si mesma fazer deste um lugar ao qual se sentia bem e feliz.
Como em um filme de terror, o susto a acordara de seu pior pesadelo. E a alma despedaçada nunca haveria de recompor, uma vez que estivera sempre intacta no seu devido lugar.

domingo, 1 de fevereiro de 2009

And all these things that i`ve done...

E a partir daquele momento, tudo mudara na sua vida. Poucos têm esse privilégio, reconhecer e lembrar esse momento único.
Mesmo assim, o deixou passar. Como quem vê a areia escapando pelo meio de seus dedos e não os fecha. Ficou ali, parada imóvel a luz do luar na madrugada.
Esqueceu de olhar no relógio, como de costume. As imagens em sua mente ficaram escassas. Os sons cada segundo mais inaudíveis. Perdera-se em algo distante.
O olhar vago não entregava os seus devaneios. Seguia sozinha pelas ruas movimentadas. Não encostava em ninguém, apenas caminhava na sua direção. Nunca fizera um único desvio, nenhuma mudança repentina. Tinha certeza do que queria, ou ao menos acreditava nisso.
Se não fosse a viagem planejada, o retorno esperado e os sentimentos machucados, nunca o teria visto. Como um deja vú. Mesmo lugar, mesmas pessoas e a dúvida que assombrava a sua memória.
Parecia estar atada a essas lembranças. Tentara apagar, mesmo assim era como uma folha de papel já escrita. Não voltaria a ser branca jamais.
Crenças, crises e solidão. Logo transformadas em força, resistência e superação.
No inocente acaso encontrara a solução para aquele momento, que até então era apenas um rascunho de sua história.
As linhas sem preenchimento e o brilho da página sem nunca ter sido usada, não voltariam mais. Entendera isso assim que sentiu essa nova energia correndo através de seu corpo.
O que estava escrito ficaria ali, como uma marca, mesmo tentado ser apagado. Entretanto poderia deixar algum espaço e recomeçar a escrever.
Mais atenção dessa vez, pensou. Tinha muitas páginas em branco ainda, mesmo assim não queria arriscar tão facilmente.
Há momentos na vida que se é guiado a seguir um caminho, às vezes pelo fluxo das pessoas ou até por experiências já presenciadas. E quando for preciso se ter força nos braços e guiar o leme da vida para a direção que escolhera , será possível identificar quem realmente somos. Jamais seguir a correnteza se essa não for à prioridade.
E como um estalar de dedos, o deja vú se fora. Estava de mãos dadas agora com a curiosidade, conversando com o desafio e encarando, com os olhos guiados pela coragem, o sentimento que mais a intrigava: o amor.