quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Sem Lembranças

O céu agora é negro
Dia já é noite
Quem um dia viu só enxerga a escuridão.
A busca constante pelo que vai matar essa ânsia
É um corpo que vaga, sem sentir os prazeres
Vive sem o gosto, o cheiro, as cores
Sem alma, nem vida
E essa escuridão tem um nome?
É como estar dividido em pedaços
Espalhado mundo a fora
Um querer aquilo que nem se conhece
Parece tão distante
Atravessar aquela porta que ninguém teve coragem
Crença que já é descrença abstrata
Apaga tudo da mente
Salta do andar mais alto
No meio da selva de pedra
E quando tocar o chão... terá inúmeras pessoas ao teu redor
Enfim alguém irá notar
Nem que seja por alguns instantes
Não te preocupe, logo passa
A dor se vai
O sangue já parou, o ar não enche mais os pulmões
A pulsação parou
Acabou de vez
E será que valeu a pena?
Tudo isso apenas pela fama de segundos
Toda uma vida pra alguém te notar
E apenas na maior fraqueza encontrou o que queria
Mas o tempo se vai, e leva tudo.
As lembranças, a juventude e até as esperanças.
Não há como voltar naquele dia
Se pudesse teria olhado mais nos olhos
Teria dito menos e escutado mais
Feito mais e pensado menos
Esquece isso...não adianta mais
O manto negro já cobriu tudo
E é hora de acordar.

sábado, 4 de outubro de 2008

As várias faces de uma mesma vida

-Você já ouviu falar da garota do copo de água? Ela se parece tão distante às vezes.
-De repente, é porque ela está pensando em alguém.
-Mas em quem uma pessoa dessas poderia pensar?
-Em um garoto com quem cruzou em algum lugar, e sentiu que eram parecidos.
-Parecidos como?
-Foi no primeiro olhar, no seu toque macio e no beijo quente. Muitas vezes ela o descreve como algo abstrato, para parecer que ele não passe de mais um conto na cabeça dela, mas se observar bem você percebe que é de verdade.
-Como alguém consegue ser assim tão meticuloso?
-Simples, ela apenas não quer se entregar a essa tentação. Assumir o sentimento para o mundo é negar a sua soberba, é baixar as armas e dizer que se rende.
-E isso é tão ruim assim?
-Depende do ponto de vista. Ela acredita que para ser reconhecida como mulher e artista precisa de algo a mais, algo que a maioria das damas não faria: recusar um amor de verdade.
-Mas ela pode estar certa. Como saber se o sentimento da outra pessoa é realmente verdadeiro, a ponto de fazê-lo desistir de tudo?
-A situação é muito mais complexa do que isso. Não se trata de desistir e sim de arriscar, coisa que ela nunca fez a vida inteira.
-Isso é um insulto! Ela, como uma profissional, já abdicou muito mais do que nós todos juntos.
-É fácil abdicar do que não possuímos, o difícil é arriscar por aquilo que receamos perder.
-E ela já perdeu um amor?
-Na verdade ela nunca deu uma chance para ele entrar.
-Mas, ele pode não ter lutado o suficiente!
-Creio eu que ele lutou bravamente, sacrificou de seus próprios ideais e mostrou sua bravura. No entanto nada parece transcender a essa barreira de figurinos e personagens.
-E como você sabe de tudo isso?
-Porque um dia eu já me cruzei com alguém assim...

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Mais importante do que ver é sentir na alma

Quando...
Quando tudo acontece...
Quando se sente...
Quando se perde, ou quando se ganha
Quando se vê o futuro, ou quando se cega no passado
Quando se acredita, ou quando se esconde
Quando se fala, ou quando se silencia em meio a renuncia
Quando se mostra, ou quando se oculta no medo
Quando é hora de calar, ou quando é hora de gritar
Mas quando será o momento certo de viver?
Quando seremos livres para voar?
Esperaremos quando a morte da alma vier nos buscar?
Viraremos a mesa agora, com todas as cartas?
Ou continuaremos a perguntar quando?
Esse tempo que nunca vai chegar
Quando é agora...

(Nicole Rosa)